terça-feira, 10 de janeiro de 2012

“Sem querer você mostra o seu preconceito!”:


Saudade é fome de presença.


A grandeza me deixa arrepiado, quando acompanhada da beleza é bem fácil me fazer chorar. Foi assim até mesmo nos dias em que carreguei na cintura o punhal enrolado em uma folha pautada inscrita de fórmulas que me são inúteis e de desenhos que continuam me desnorteando e me desnormalizando para dentro de mim. Em mim me desembrulho em outros. É assim que me corrompo na tentativa de transmutar em escrita a sinceridade de quando converso com meu irmão Jaiton, que escreve o nome com letras moldadas por calos e que improvisa na fala metade do que aprende na leitura silenciosa que faz dos que ao seu lado dormem acordados e dos que se equilibram em gentilezas do horário nobre. Saudade é fome de presença.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Existente



Há no meu olhar uma ruptura por onde a loucura sempre escoa.

Debruça-te sobre mim na cabeceira da minha demência e depois deixa-me de pé sem muletas. 

Sou uma mulher louca a quem as casas piscam o olho e oferecem a hospitalidade dos seus ventres.

De todos os lados o sentido das coisas abre um olhar sobre mim, como um ente fantástico enorme e subjacente. O sentido emerge de caminhos húmidos e de faces sombrias, debruça-se nas janelas de casas estranhas. Reconstruo constantemente a imagem de uma coisa que perdi para sempre e que não posso esquecer. Agarro nas esquinas os cheiros do passado e tenho consciência dos homens que vão nascer amanhã. Por detrás das janelas ou há inimigos ou adoradores. Nunca neutralidade ou passividade. Sempre a intenção e a premeditação. Até as pedras têm para mim linguagem druídica.
(do livro "A Casa do Incesto" de Anaïs Nin)

domingo, 13 de novembro de 2011

presença - para o Azul de Isaar